quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Unidade 9 - cap. 1 - O século do ouro






Desde o inicio da colonização, no século XVI, os portugueses procuravam metais e pedras preciosas nas terras brasileiras. Somente no final do século XVII, os bandeirantes paulistas encontraram ouro em Minas Gerais e a noticia se espalhou rapidamente, atraindo milhares de pessoas para a região e a atenção da Coroa portuguesa.
A maior parte do ouro encontrado era de aluvião que tinha como característica o rápido esgotamento por causa da facilidade de estar na superfície e ser mais acessível. Além disso, foi comum os mineradores desviarem as águas dos rios para extrair o minério do leito seco mais facilmente. Procuravam, também, novas jazidas, cavando os barrancos dos rios e as encostas das montanhas. Essas minas eram chamadas de lavras.
A atividade mineradora atraiu um grande número de pessoas de todo tipo de perfil social para a região das minas e acabaram por agravar questões sociais já existentes na região, como falta de alimentos e conflitos e sociais e a formação de clara de dois grupos: os emboabas e os paulistas. Os primeiros eram pessoas atraídas pela possibilidade de enriquecer na região, enquanto o segundo grupo se consideravam os primeiros ocupantes. Essa diferença de visão sobre eles gerará os conflitos entre os dois. A crescente tensão entre eles desencadeou a Guerra dos Emboabas com diversos pequenos conflitos e mortes de ambos os lados. A Coroa interveio concedendo perdão para emboabas e paulistas porque considerou que a extração de ouro seria comprometida caso a tensão entre ambos não fosse resolvida.

Com a descoberta de novas minas cada vez mais frequente, a Coroa portuguesa precisou elaborar meios para controlar e administrar a região. Por exemplo, a administração portuguesa elevou alguns povoados à categoria de vilas, como Mariana, Vila Rica (atual Ouro Preto) e Sabará porque as vilas eram administradas por funcionários diretamente ligados à Coroa Portuguesa. Além disso, a descoberta de uma mina deveria ser comunicada às autoridades. Assim, um funcionário dividia o terreno em lotes chamados datas nessa divisão o descobridor das minas tinha o direito de escolher duas datas e a coroa escolhia uma data que, posteriormente, seria leiloada.

Além disso, foram criados diferentes impostos e taxas sobre a exploração de ouro e demais atividades na região mineradora, como o quinto e a capitação. Um quinto (20%) de todo ouro e diamante extraído deveria ser entregue aos representantes da Coroa e a capitação era uma taxa de cerca de 17 gramas de ouro, cobrada do morador das Minas Gerais pela propriedade de cada escravo com mais de 12 anos de idade. Por fim, em 1719, o rei proibiu a comercialização de ouro em pó e criou as Casas de fundição em Minas gerais. Com isso, os mineradores deveriam enviar todo o ouro para essas casas e lá seria retirado o quinto do rei, o metal seria fundido e transformado em barras. Dessa maneira, ficava mais difícil fugir do pagamento do imposto.
 No entanto, a fiscalização da metrópole nem sempre foi bem recebida pelos colonos, fato que provocou descontentamentos e revoltas. Exemplo disso foi a Revolta de Vila Rica (Ouro Preto), em 1720. Ela teve início quanto um grupo de homens convocou o povo a se rebelar contra as medidas colocadas em prática por Portugal, entre elas, a Casa de Fundição. O movimento foi liderado pelo minerador Sebastião da Veiga Cabral, Manoel Mosqueiro e Filipe dos Santos. Inicialmente o governo recuou na criação da Casa de Fundição, mas apenas para reunir forças para combater os revoltosos. Por isso, na repressão ao movimento, Filipe dos Santos foi enforcado sem julgamento e teve seu corpo esquartejado e pendurado nos postes de Vila Rica. O objetivo da Coroa com tal atitude era deixar claro para os colonos o que acontecia com aqueles que se revoltavam contra o rei, tratava-se de um castigo exemplar.  

Por fim, precisamos destacar as transformações ocorridas, na região das minas e também nas colônias a partir do século XVIII. Uma das mais importantes foi a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763. O objetivo era deixar o centro da administração colonial próxima da região mineradora. Devemos destacar também a maior ocupação do interior (interiorização) da colônia já que não foi apenas a região de minas que passou a ser mais frequentada, mas também a região de Goiás e Mato Grosso, porque também fizeram parte da atividade mineradora. Não devemos nos esquecer, no entanto, que a ocupação do interior do território também provocou maiores conflitos com as tribos indígenas que viviam nessas regiões, fato que obrigou o deslocamento de diversos grupos nativos, assim como mortes. Podemos destacar também a forte dinamização do comércio interno na região e a ligação da região mineradora com diferentes pontos comerciais da colônia.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário